Aqui fica o terceiro capítulo de Foge, espero que vos cative (>‿◠)✌
Se não leste o primeiro e segundo capitulo e queres mais informação sobre a história clica aqui e aqui.
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Toda a gente tinha acesso à planta do edifício. Estava desenhada num placar pregado à parede, para que em caso de incêndio pudéssemos proceder de acordo com o protocolo, e utilizarmos as saídas corretas. Com intenção de ficar com a noção de como o edifício se organizava, copiei-a para um papel, apesar de saber que havia muito mais passagens e corredores que levavam à saída, mas essas teria que descobrir por mim própria. Comecei então a delinear um plano de exploração.
O reformatório tinha um projecto chamado “Planos de Reabilitação”, que tinha como objectivo preparar os jovens para quando saíssem e promover o desenvolvimento de cada um, além da possibilidade de sair mais cedo. As tarefas incluíam tudo e mais alguma coisa: limpar casas de banho, servir comida no refeitório, limpar o chão, engraxar sapatos dos guardas, tratar da lavandaria, etc… Tudo o que fosse trabalho que eles não quisessem fazer davam-nos a nós. Se entrássemos no programa voluntariamente poderíamos escolher o que queríamos fazer.
Então decidi entrar e faria a recolha do lixo do edifício. Isto dar-me-ia a impressão, tanto de dentro como fora, da estrutura do reformatório, e de como estava a ser vigiado. Comecei a fazer uma planta completamente nova através dos conhecimentos que ia adquirindo.
Cada vez que ia pôr o lixo por volta das 18:15h, estudava atentamente os guardas e os carros que saíam e entravam no parque de estacionamento. A essa hora, terminado o turno, muita gente ia para casa e o parque começava a ficar vazio, ficando apenas os carros dos guardas-nocturnos. Era a hora ideal para eu fugir debaixo de um carro ou algo do género.
O meu novo plano “infalível” tinha como base sair por uma espécie de respiradouro de um sótão do edifício que estava virado para o parque de estacionamento dos funcionários. Bastava inscrever-me no programa de “Arrumações e Limpezas”, esperar que me pusessem a arrumar o sótão e, no momento certo, escapava-me por lá. Claro que não ia ser assim tão fácil, faltava-me saber como ia abrir as grades e descer de lá de cima. Acreditava que depois de uma ou duas sessões de limpeza fosse capaz de solucionar isso.
Andava tão obcecada com a ideia de fugir pelo sótão que acabei a sonhar imenso com isso, dormindo muito pouco. Não estava em mim, vivia para sair dali.
Primeiro que se lembrassem de me pôr a limpar o sótão tive de esperar algum tempo. Não o podia simplesmente sugerir. Iriam desconfiar e eu não podia desmanchar o papel de menina bem comportada, agora que até me deixavam certos períodos de tempo sem vigilância. Por isso mantive-me calada. Mas, finalmente, o dia chegou passados quatro largos meses.
Puseram-me no sótão e eu comecei a arrumar as coisas, inspeccionando o local com minúcia. Acedia-se ao sótão através de umas escadas que davam até uma porta de metal ferrugenta. Estava recheado de caixas de cartão com anexos antigos, dossiês e fardas. Pouco mais, nada que me servisse para rebentar com as grades do respiradouro e conseguir descer. No entanto, comecei a adiantar trabalho, atando as fardas umas às outras com o objectivo de fazer uma corda para conseguir descer do sótão até ao chão. Escondia-as na parte mais escura do sótão por baixo de umas caixas de cartão e, como não revistavam o trabalho por, penso eu, desleixo, nunca notaram nada. Além dos períodos de tempo que saiam, e me deixavam sozinha para irem fumar um “cigarrinho”. Apenas me facilitavam o trabalho e eu sentia-me cheia de sorte.
O trabalho no sótão estava quase a terminar e eu ainda não tinha arranjado forma de abrir o respiradouro. Começava a ficar nervosa e impaciente, e as ideias não me fluíam tão bem à cabeça. Enquanto dava voltas ao sótão e à cabeça, reparei numas manchas de humidade. Era aquela a minha hipótese: chamei a polícia:
– Desculpe, se não se importa, pode chegar aqui?
Ela aproxima-se.
– Que foi?
– Já reparou nestas manchas no chão? Isto parece apenas um pouco de humidade, mas a mim parece-me que já está bem empestado de micróbios e fungos. Terríveis para alguém que continue a respirar isto, fica com certeza com uma doença qualquer terrível. – Tusso um pouco para o efeito.
Ela olha-me desconfiada, mas também com alguma repugnância.
– Sim… e então?! Que queres que faça?
– Bom, eu pensei se podia ir buscar qualquer coisa com que eu pudesse raspar, um garfo ou assim…
– Bem… Pode ser. Vem comigo.
Levou-me até ao refeitório e deu-me uma faca sem serrilha e um garfo. Era mesmo isso que eu precisava, uma faca!
Quando voltei a subir ela trancou-me no sótão e voltou a descer, provavelmente para ir fumar.
Era a altura ideal para testar a única tentativa de abrir o respiradouro. Comecei a desaparafusar os parafusos, um de cada vez, sempre atenta para ouvir o barulho que denunciasse alguém a subir as escadas. A faca era ideal para o tamanho dos parafusos, e, apesar de algum esforço, eles iam caindo. Eu ficava cada vez mais ansiosa e com um sorriso denunciador nos lábios.
Até que ouvi passos no corredor…
O reformatório tinha um projecto chamado “Planos de Reabilitação”, que tinha como objectivo preparar os jovens para quando saíssem e promover o desenvolvimento de cada um, além da possibilidade de sair mais cedo. As tarefas incluíam tudo e mais alguma coisa: limpar casas de banho, servir comida no refeitório, limpar o chão, engraxar sapatos dos guardas, tratar da lavandaria, etc… Tudo o que fosse trabalho que eles não quisessem fazer davam-nos a nós. Se entrássemos no programa voluntariamente poderíamos escolher o que queríamos fazer.
Então decidi entrar e faria a recolha do lixo do edifício. Isto dar-me-ia a impressão, tanto de dentro como fora, da estrutura do reformatório, e de como estava a ser vigiado. Comecei a fazer uma planta completamente nova através dos conhecimentos que ia adquirindo.
Cada vez que ia pôr o lixo por volta das 18:15h, estudava atentamente os guardas e os carros que saíam e entravam no parque de estacionamento. A essa hora, terminado o turno, muita gente ia para casa e o parque começava a ficar vazio, ficando apenas os carros dos guardas-nocturnos. Era a hora ideal para eu fugir debaixo de um carro ou algo do género.
O meu novo plano “infalível” tinha como base sair por uma espécie de respiradouro de um sótão do edifício que estava virado para o parque de estacionamento dos funcionários. Bastava inscrever-me no programa de “Arrumações e Limpezas”, esperar que me pusessem a arrumar o sótão e, no momento certo, escapava-me por lá. Claro que não ia ser assim tão fácil, faltava-me saber como ia abrir as grades e descer de lá de cima. Acreditava que depois de uma ou duas sessões de limpeza fosse capaz de solucionar isso.
Andava tão obcecada com a ideia de fugir pelo sótão que acabei a sonhar imenso com isso, dormindo muito pouco. Não estava em mim, vivia para sair dali.
Primeiro que se lembrassem de me pôr a limpar o sótão tive de esperar algum tempo. Não o podia simplesmente sugerir. Iriam desconfiar e eu não podia desmanchar o papel de menina bem comportada, agora que até me deixavam certos períodos de tempo sem vigilância. Por isso mantive-me calada. Mas, finalmente, o dia chegou passados quatro largos meses.
Puseram-me no sótão e eu comecei a arrumar as coisas, inspeccionando o local com minúcia. Acedia-se ao sótão através de umas escadas que davam até uma porta de metal ferrugenta. Estava recheado de caixas de cartão com anexos antigos, dossiês e fardas. Pouco mais, nada que me servisse para rebentar com as grades do respiradouro e conseguir descer. No entanto, comecei a adiantar trabalho, atando as fardas umas às outras com o objectivo de fazer uma corda para conseguir descer do sótão até ao chão. Escondia-as na parte mais escura do sótão por baixo de umas caixas de cartão e, como não revistavam o trabalho por, penso eu, desleixo, nunca notaram nada. Além dos períodos de tempo que saiam, e me deixavam sozinha para irem fumar um “cigarrinho”. Apenas me facilitavam o trabalho e eu sentia-me cheia de sorte.
O trabalho no sótão estava quase a terminar e eu ainda não tinha arranjado forma de abrir o respiradouro. Começava a ficar nervosa e impaciente, e as ideias não me fluíam tão bem à cabeça. Enquanto dava voltas ao sótão e à cabeça, reparei numas manchas de humidade. Era aquela a minha hipótese: chamei a polícia:
– Desculpe, se não se importa, pode chegar aqui?
Ela aproxima-se.
– Que foi?
– Já reparou nestas manchas no chão? Isto parece apenas um pouco de humidade, mas a mim parece-me que já está bem empestado de micróbios e fungos. Terríveis para alguém que continue a respirar isto, fica com certeza com uma doença qualquer terrível. – Tusso um pouco para o efeito.
Ela olha-me desconfiada, mas também com alguma repugnância.
– Sim… e então?! Que queres que faça?
– Bom, eu pensei se podia ir buscar qualquer coisa com que eu pudesse raspar, um garfo ou assim…
– Bem… Pode ser. Vem comigo.
Levou-me até ao refeitório e deu-me uma faca sem serrilha e um garfo. Era mesmo isso que eu precisava, uma faca!
Quando voltei a subir ela trancou-me no sótão e voltou a descer, provavelmente para ir fumar.
Era a altura ideal para testar a única tentativa de abrir o respiradouro. Comecei a desaparafusar os parafusos, um de cada vez, sempre atenta para ouvir o barulho que denunciasse alguém a subir as escadas. A faca era ideal para o tamanho dos parafusos, e, apesar de algum esforço, eles iam caindo. Eu ficava cada vez mais ansiosa e com um sorriso denunciador nos lábios.
Até que ouvi passos no corredor…